Águia Mendes
blog de poesia
domingo, 8 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
O RIO ASSASSINO
é boquinha de noite no varjão
uma estrela
neste instante apagou-se
desci ladeiras, subi ladeiras
descia pra ver 3 crianças afogadas
descia pra ver um caso de polícia.
na tarde esburacada
meninos delineiam uma enchente
o ar estava poluído de comentários
já bastante secos e desbotados.
o que vi não mais lembro
só sei que naquele dia
todos os meninos pobres do varjão
rogavam a deus e aos anjos
que o delegado de polícia
condenasse o rio
a cem anos de prisão.
do livro jardim da infância, 1979
uma estrela
neste instante apagou-se
desci ladeiras, subi ladeiras
descia pra ver 3 crianças afogadas
descia pra ver um caso de polícia.
na tarde esburacada
meninos delineiam uma enchente
o ar estava poluído de comentários
já bastante secos e desbotados.
o que vi não mais lembro
só sei que naquele dia
todos os meninos pobres do varjão
rogavam a deus e aos anjos
que o delegado de polícia
condenasse o rio
a cem anos de prisão.
do livro jardim da infância, 1979
terça-feira, 28 de junho de 2011
OS DEUSES NÃO DÃO AS CARTAS
quando a gente está desesperado
bem desesperado mesmo
precisando de ajuda
bastante ajuda
costuma sempre dizer:
- Buda, me acuda.
- Alá, vem me confortar.
- Jesus, me conduz.
mas ao fim e ao cabo
quem ajuda mesmo
são as pessoas.
bem desesperado mesmo
precisando de ajuda
bastante ajuda
costuma sempre dizer:
- Buda, me acuda.
- Alá, vem me confortar.
- Jesus, me conduz.
mas ao fim e ao cabo
quem ajuda mesmo
são as pessoas.
domingo, 3 de abril de 2011
sábado, 8 de maio de 2010
SOBRE A ORIGEM DAS RELIGIÕES
os deuses
ou seja,
os atores
montam
toda a cena
os homens
acreditam
e lotam
os cinemas
ou seja,
os atores
montam
toda a cena
os homens
acreditam
e lotam
os cinemas
quarta-feira, 10 de março de 2010
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
UM RIO VAI DAR NUM REINO
um rio é quando
um pássaro
voa sem asas
e não tem pra onde ir
porque dor não tem morada
é mar
mar grande
feito a vagina de isabel
(a arte levou
seus braços
de condessa)
ou feito o bico
dos teus seios
à beira dos meus lábios
nuvens passam
de pernas pra cima
e descem como que
de lança em punho
sobre meus aduncos medos
e quando chegar
o dia de cinza
e quando chegar
o dia do pó
abrirão uma imensa
ferida sem cicatriz
terá a vida bis?
o amor é miragem
e esta rua pra
onde me levará?
estou cansado
e não sou deus
(hoje não vi
meu rosto
refletido no espelho)
mas voo adiante
mesmo sem asas
vou
um rio
é a vontade
de ir
uma vontade
de foz
e vou
e sigo
até o fim
um pássaro
voa sem asas
e não tem pra onde ir
porque dor não tem morada
é mar
mar grande
feito a vagina de isabel
(a arte levou
seus braços
de condessa)
ou feito o bico
dos teus seios
à beira dos meus lábios
nuvens passam
de pernas pra cima
e descem como que
de lança em punho
sobre meus aduncos medos
e quando chegar
o dia de cinza
e quando chegar
o dia do pó
abrirão uma imensa
ferida sem cicatriz
terá a vida bis?
o amor é miragem
e esta rua pra
onde me levará?
estou cansado
e não sou deus
(hoje não vi
meu rosto
refletido no espelho)
mas voo adiante
mesmo sem asas
vou
um rio
é a vontade
de ir
uma vontade
de foz
e vou
e sigo
até o fim
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
A CASA
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa no mundo
varanda dos lados
wc com luar
ruas refulgentes
poltronas & sofás
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa marítima
alcova com beira-mar
padarias & jardins
vulva crepuscular
casa que é bar
vulgata vulgívaga
retreta lunar
mercearia
com pomares em órbita
e sonoros pardais
ou um negro coagido
por uma confederação
de poetas marginais
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa em desvario
sala de estar com sol poente
zoológicos & rios
terraços com auroras boreais
um porsche movido
a sonho
cocas & guaranás
casa que é mundo
rolando em mar profundo
casa que é casa
com uma manhã cada manhã
nascendo no ar na selva
casa trágica onde habitam
feras intramuros
há quatrocentos anos
eu sonho
um home sweet home
londres paris
montanhas carnavais
boulevards colibris
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa erigida
sobre a areia do sonho
eu sonho
uma casa no mundo
varanda dos lados
wc com luar
ruas refulgentes
poltronas & sofás
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa marítima
alcova com beira-mar
padarias & jardins
vulva crepuscular
casa que é bar
vulgata vulgívaga
retreta lunar
mercearia
com pomares em órbita
e sonoros pardais
ou um negro coagido
por uma confederação
de poetas marginais
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa em desvario
sala de estar com sol poente
zoológicos & rios
terraços com auroras boreais
um porsche movido
a sonho
cocas & guaranás
casa que é mundo
rolando em mar profundo
casa que é casa
com uma manhã cada manhã
nascendo no ar na selva
casa trágica onde habitam
feras intramuros
há quatrocentos anos
eu sonho
um home sweet home
londres paris
montanhas carnavais
boulevards colibris
há quatrocentos anos
eu sonho
uma casa erigida
sobre a areia do sonho
domingo, 4 de outubro de 2009
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO
me judias de beijos
neste dia tão cristão
depois me crucificas
de prazer em plena
sexta-feira, de paixão
neste dia tão cristão
depois me crucificas
de prazer em plena
sexta-feira, de paixão
sábado, 30 de maio de 2009
TUAS LUAS
como são lindas
essas luas
fora do teu corpete
na noite
que ruge nuvens
brilham aterradoras
lindos
faróis
estrelas auxiliadoras
essas luas
fora do teu corpete
na noite
que ruge nuvens
brilham aterradoras
lindos
faróis
estrelas auxiliadoras
sábado, 22 de novembro de 2008
MÔNICA
mônica
quando está
em seu quarto
reclusa e nua
é geográfica
tem vales
cheirando a rosa
montanhas montanhosas
e demais acidentes
pura paisagem andina
quando está
em seu quarto
reclusa e nua
é geográfica
tem vales
cheirando a rosa
montanhas montanhosas
e demais acidentes
pura paisagem andina
sábado, 8 de novembro de 2008
COMEMORAÇÃO
pôr maria da luz na taça
beber maria da luz
viciar-me nela
e novamente encher a taça
e outra vez beber maria da luz
embriagar-me dela
ato contínuo
noite a meio
tomar a taça
e entornar-lhe os seios
e
tonto
tombar de paixão
beber maria da luz
viciar-me nela
e novamente encher a taça
e outra vez beber maria da luz
embriagar-me dela
ato contínuo
noite a meio
tomar a taça
e entornar-lhe os seios
e
tonto
tombar de paixão
SONHO DE NOIVOS
do noivo:
é escoltar teu sexo
até minha cama
e amar e amar e amar
de um jeito tal
que nunca se ama
é atrair teus seios
para fora do sutiã
a fim de sitiá-los
a cada manhã
é domá-los
como quem doma
jambos maduros
para os manter à boca
sempre reclusos
por fim
é sonhar
que se pode
num segundo
resolver as mazelas
do mundo
da noiva:
é sonho de alcova
em que um homem
como um véu
toda me envolvesse
de carícia torva
em que um homem
como uma pedra
na penumbra
minha fenda fizesse
ainda mais funda
um sonho
que não tivesse fim
nem meio
exceto a lâmina
pontiaguda
de dois lábios
em meu seio
um sonho enfim
que nunca fosse fogo
posto que é fumo
mas infinito
enquanto durmo
é escoltar teu sexo
até minha cama
e amar e amar e amar
de um jeito tal
que nunca se ama
é atrair teus seios
para fora do sutiã
a fim de sitiá-los
a cada manhã
é domá-los
como quem doma
jambos maduros
para os manter à boca
sempre reclusos
por fim
é sonhar
que se pode
num segundo
resolver as mazelas
do mundo
da noiva:
é sonho de alcova
em que um homem
como um véu
toda me envolvesse
de carícia torva
em que um homem
como uma pedra
na penumbra
minha fenda fizesse
ainda mais funda
um sonho
que não tivesse fim
nem meio
exceto a lâmina
pontiaguda
de dois lábios
em meu seio
um sonho enfim
que nunca fosse fogo
posto que é fumo
mas infinito
enquanto durmo
SESSÃO DAS OITO
tua boca
era o filme
teus seios
os projetores
e tua calcinha
madalena
a tela do meu cinema
era o filme
teus seios
os projetores
e tua calcinha
madalena
a tela do meu cinema
POEMA
em tua cambraia
costuro rubro
o dia
com que me tinjo
coso teus seios
na minha boca
cravando a tarde
com que me caio
bordo teu nome
colhido na saia
vinco a noite
com que me visto
fio tua carne
na madrugada
cerzindo a manhã
com que me dispo
costuro rubro
o dia
com que me tinjo
coso teus seios
na minha boca
cravando a tarde
com que me caio
bordo teu nome
colhido na saia
vinco a noite
com que me visto
fio tua carne
na madrugada
cerzindo a manhã
com que me dispo
FAROESTE
teu corpo é meu
oeste bravio
teus seios
garrafas de rum
tua boca
uma taberna aberta
até de madrugada
tuas pernas
portas de saloon
oeste bravio
teus seios
garrafas de rum
tua boca
uma taberna aberta
até de madrugada
tuas pernas
portas de saloon
DORALICE
quando te despes
doralice
és perfeita
garrafa de cana
por isso que
te bebo bebo bebo
doralice
os sete dias da semana
bebo por que
sou viciado
em teu sexo
bebo por que
sou inveterado
em teu corpo
teu sexo
é minha bebida
doralice
tua boca
meu tira-gosto
doralice
és perfeita
garrafa de cana
por isso que
te bebo bebo bebo
doralice
os sete dias da semana
bebo por que
sou viciado
em teu sexo
bebo por que
sou inveterado
em teu corpo
teu sexo
é minha bebida
doralice
tua boca
meu tira-gosto
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
CONVITE PARA FESTA DE FINADOS
todos os que
agora vão morrer
não se façam
de rogados
hoje
à noite
no cemitério
vai haver
um grande
assustado
agora vão morrer
não se façam
de rogados
hoje
à noite
no cemitério
vai haver
um grande
assustado
FUNERÁRIA CAMINHO DO CÉU*
funerária
caminho do céu:
- moça do balcão,
de que horas
sai o voo
do próximo caixão?
*nome de uma funerária que existia na avenida cruz das armas, em joão pessoa.
caminho do céu:
- moça do balcão,
de que horas
sai o voo
do próximo caixão?
*nome de uma funerária que existia na avenida cruz das armas, em joão pessoa.
A CASA ETERNA
ontem fui visitar
a casa
onde passarei
a eternidade
ainda não está pronta
nem tem o cruzeiro
que mandei pôr
enfeitando a entrada
minha casa é tudo
o que tenho
tudo o que podia
ter querido
um velho corpo
encardido
um lar
um doce lar
uma doce lembrança
só espero
não encontrar
problemas de vizinhança
a casa
onde passarei
a eternidade
ainda não está pronta
nem tem o cruzeiro
que mandei pôr
enfeitando a entrada
minha casa é tudo
o que tenho
tudo o que podia
ter querido
um velho corpo
encardido
um lar
um doce lar
uma doce lembrança
só espero
não encontrar
problemas de vizinhança
LADRÕES DE TÚMULO
ontem vieram
uns ladrões
de túmulo
e saquearam
minha cova
vou ter
urgentemente
que pôr grades
novas nas portas
uns ladrões
de túmulo
e saquearam
minha cova
vou ter
urgentemente
que pôr grades
novas nas portas
NO DIA EM QUE EU FOR DEFUNTO
no dia em que
eu for defunto
(adiai senhora
esta hora de luto)
não deixarei nada
levarei tudo
para a morada
dos pés juntos:
papel de rolo
um rio com monjolo
uma vaca
uma pedra de amolar faca
um porco uma porca
um livro de lorca
um partido de cana
dois cachos de banana
um mato um monte
e um resto velho de ponte
sim, levarei tudo
não deixarei nada
exceto minha alma penada
pra assustar vocês
eu for defunto
(adiai senhora
esta hora de luto)
não deixarei nada
levarei tudo
para a morada
dos pés juntos:
papel de rolo
um rio com monjolo
uma vaca
uma pedra de amolar faca
um porco uma porca
um livro de lorca
um partido de cana
dois cachos de banana
um mato um monte
e um resto velho de ponte
sim, levarei tudo
não deixarei nada
exceto minha alma penada
pra assustar vocês
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Arquivo do blog
Quem sou eu
- Águia Mendes
- Poeta paraibano, nascido na Cidade de João Pessoa, e autor dos seguintes livros: Jardim da infância, Bíblia profana, Blue para um cadáver sonhador, O livro do adivinhão, Sol de algibeira e Um boi pastando nas nuvens (poemas infantis).